23 agosto, 2012


Kassab vê fraude em documento e diz que vai demolir Bahamas


EVANDRO SPINELLI

DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo quer demolir a boate Bahamas, do empresário Oscar Maroni, desafeto do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e do secretário Orlando Almeida Filho (Controle Urbano).
O Oscar's Hotel, que Maroni constrói em terreno vizinho ao Bahamas, em Moema (zona sul), também já tem processo de demolição.
A gestão Kassab alega que Maroni usou informações falsas para levar a própria prefeitura, a Aeronáutica e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) a um erro.
Documentos apresentados por Maroni aos órgãos mostram que o Bahamas está fora da zona de ruído do aeroporto de Congonhas. Dentro dessa área é proibida a instalação de hotéis, motéis e flats.
Maroni quer obter a licença do Bahamas como hotel balneário --o local tem 24 quartos, sauna, piscina, além de um palco para shows.
A linha que estabelece o que está dentro e o que está fora dessa área, segundo o mapa apresentado por Maroni, passa justamente entre o Bahamas e o Oscar's Hotel.
No entanto, um documento enviado pela Anac ao secretário Almeida Filho neste mês aponta que o local fica dentro da área de ruído.
Pelo mapa oficial, a divisa da zona de ruído passa na praça em frente ao Bahamas, que está dentro da área.
Em 2010, a Anac havia informado a Maroni que o Bahamas estava fora da área. Na ocasião, a carta foi elaborada com base em coordenadas cartográficas informadas pelo próprio Maroni. E o documento fez essa ressalva.
Na nova correspondência, a agência se retrata e diz que o local realmente não pode abrigar flat ou hotel. O documento diz ainda que, sendo constatado que o documento é falso, a prefeitura deve recorrer à Justiça para apurar responsabilidades criminais.
A prefeitura vai notificar Maroni de que todos os alvarás concedidos ao Bahamas desde sua construção, na década de 1990, serão anulados e que o prédio deve ser demolido total ou parcialmente.
PERSEGUIÇÃO
Maroni diz que o processo é perseguição de Kassab e Almeida e negou fraude ou falsificação de documentos.
"Se não querem que eu faça hotel, faço uma clínica de massagem. Mas o que estão fazendo comigo é agressividade, uma covardia. Estão usando a máquina administrativa para me prejudicar."
Segundo ele, os dados informados à Anac são coordenadas topográficas calculadas por um profissional especializado. "Isso é matemática, não pode estar errado."

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Isso é antigo... leia a próxima notícia:

TERÇA, 31 DE JULHO DE 2007, 09H10

Dono do Bahamas nega que hotel atrapalhe Congonhas

Raphael Prado
Primeiro, Oscar Maroni Filho descreve seu patrimônio:
- Tenho 5 empresas, a maior casa noturna da América do Sul, com muito orgulho, o Bahamas Club, a fazenda Santa Cecília em Araçatuba (SP), onde eu produzo 13 mil kg de carne a cada 24 horas, cavalos quarto de milha e gado nelore. Tenho o Oscar's Hotel, 5 estrelas, 13 andares, 223 apartamentos, 300 vagas na garagem, 3 restaurantes, 1 academia de ginástica, 1 teatro e uma área de eventos para 900 pessoas. Um investimento de R$ 27 milhões.
Depois, entre os exagerados adjetivos, Oscar Maroni Filho também profere alguns palavrões - mas tem a elegância de pedir licença para dizê-los.
Desde o acidente com o Airbus da TAM, o polêmico empresário está nos jornais, dividindo espaço com as notícias sobre as possíveis causas do desastre. Oscar é dono do hotel que está a 600 metros da cabeceira da pista de Congonhas e supostamente atrapalha a rota dos aviões que trafegam ali.
- Essa foi uma bola que a Globo levantou e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) apoiou. Onde estava o prefeito nos 4 anos em que o hotel foi levantado? Por que só agora o hotel atrapalha? - questiona o empresário.
Oscar, sem ser perguntado sobre isso, faz questão de dizer que já se relacionou com mais de 1500 mulheres. E reage às acusações sobre seu hotel com um misto de indignação e deboche; esta última uma característica do empresário:
- Domingo passado estava eu com a minha namorada, um tremendo avião, na minha cama, quando vejo no Fantástico a senhora Glória Maria dizer que vai mostrar 'o hotel que é o terror dos pilotos de Congonhas'. Quem falou isso?
Ele tem laudos da Aeronáutica que autorizam a construção do empreendimento. Diz que a primeira análise dos militares indeferiu o pedido porque a proposta inicial não contava com isolamento acústico adequado. Refeito o projeto, segundo ele, a Aeronáutica aprovou.
- Eu não sou corrupto (sic). Se eu corrompesse alguém (para obter esse laudo), eu não estaria passando por tudo isso.
Oscar reclama de que sua imagem está sendo prejudicada pela forma com que os fatos estão sendo colocados. Ele nunca escondeu seus negócios. Já se definiu como "um empresário do erotismo". E agora, diz, está vendo as pessoas olharem para ele nas ruas de modo diferente.
- É como se estivessem dizendo que eu reduzi a pista do aeroporto de Congonhas. A pista não ficou menor com o hotel. E não é opinião minha, nem sua, de repórter, é o laudo da Aeronáutica.
Oscar garante que é petista; afirma andar com a carteirinha do partido no bolso. Por telefone, como foi a entrevista, não era possível comprovar. Diz que votou em Lula (PT) na primeira eleição, mas queria Geraldo Alckmin (PSDB) na segunda. E tem saudade de José Serra (PSDB) na Prefeitura:
- Dá saudade. O Serra, feio como eu, careca também, era melhor.
O empresário diz que quem mais contribuiu para o desgaste de sua imagem foi o prefeito Gilberto Kassab, que assumiu quando José Serra afastou-se para lançar a candidatura ao governo de São Paulo.
- Esse prefeito não recebeu nenhum voto. É um acidente, um vice. Meus advogados já estão tomando providências em relação a ele.
Oscar também acha que a mídia atrapalha a compreensão dos fatos. Ele diz que a história está sendo contada pela metade. Pede para que os repórteres se lembrem do caso Escola Base - em que a imprensa errou ao apontar os donos de uma escola como responsáveis por abuso sexual, em 1994.
- Lembre-se da Escola Base. E eu peço para a sociedade e a imprensa: não julguem antes. Quando eu vou para a academia malhar meu bíceps, eu faço flexão. Para exercitar o cérebro, as pessoas têm que fazer "re"-flexão.
Para exemplificar que a imprensa publica muito conteúdo sem saber do que está falando ou checar a veracidade das informações, Oscar Maroni Filho dá um exemplo:
- Tem repórter que nem de cachorro entende. Chamaram até meu maltês de poodle...

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