14 novembro, 2014

Além da água

A crise hídrica que assola a região sudeste é um problema de alta complexidade e gravidade  que a população em geral desconhece e acredito que não vão conseguir entender na teoria, só vão “acreditar” quando abrirem suas torneiras e não sair água, daí vão questionar o sistema, “mas a conta de água está paga em dia, o que está acontecendo?” Vêm a resposta: Está acontecendo que não existe o recurso, e este é insubstituível. Faça a experiência, fique um dia sem beber água, você consegue?
Mas neste texto quero enfatizar o quanto o recurso hídrico é mal utilizado, talvez seja pelo motivo de ser um recurso barato, por exemplo, da minha residência o DMAE cobra menos de R$1,00 por 1.000 litros de água tratada, que também é um valor aproximado ao cobrado pela SAE (Superintendência de Água e Esgoto – Ituiutaba) e COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). 
Com a escassez de água o DMAE evidenciou um sensível programa de redução do desperdício, o Uberdenúncias, com o intuito de receber denúncias de pessoas que estão utilizando a água de maneira irracional, mas o número, por exemplo só recebe ligações de telefone fixo. Sem comentários. Outra recomendação na lista do órgão para economizar água e tomar banho em no máximo 15 minutos, eu recomendaria no máximo 5 minutos, e mesmo assim que desligassem o chuveiro enquanto se ensaboam.
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Mas o grande problema com a escassez hídrica não é somente porque as pessoas lavam calçadas ou tomam banhos demorados, considero que o maior problema é o uso irracional de recursos que dependem de água como matéria prima. De acordo com a SABESP, são necessários: 5,5 lts de água para produzir 1 lt de cerveja, 2.500 lts de água para produzir 1 kg de arroz, 18.000 lts de água para produzir 1 kg de manteiga, 712,5 lts de água para produzir 1 kg de leite, 5.280 para produzir 1 kg de queijo, 132,5 lts de água, para produzir 1 kg de batata, 17.100 para produzir 1 kg de carne de boi, 499 lts de água para produzir 1 kg de banana e 3.700 lts de água para produzir 1 kg de frango.
Esses números são altos e ignorados, vendem-se a ideia que a única forma de gastar água e pela torneira, mas este entendimento é errado, não só pela torneira, mas o desperdício pode ocorrer por outras formas de consumo.
É considerando que nossa região já vivi o caos hídricos, a forma de consumo deve ser de acordo com os 4 R’s da sustentabilidade: reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar. Essa ação deve ser imediata, em tudo.
É real o fato que é impossível zero impacto no meio ambiente, portanto medidas que minimizem ao máximo o uso de recursos e que elevem a eficiência, é possível.
Assim como a terra, a água possui sua função social, por isso deve ser utilizada com responsabilidade e eficiência.
E como consequências do desabastecimento, industrias podem ser paralisadas, problemas de saúde poderão ocorrer com maior frequência, além da obrigatoriedade nas mudanças de hábitos.

Duílio Júlio Oliveira Santos

Mestre em Ciências Ambientais

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