12 novembro, 2012

Húmus é usado com sucesso para descontaminar área com metais


Húmus é empregado com sucesso para a correção de terras que precisam ser descontaminadas. A alternativa ecológica pode ser aplicada em solos contaminados por metais pesados como cobre, chumbo, cromo.
A experiência desenvolvida pelo Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo, usou húmus resultante da compostagem com minhocas (vermicompostagem) no esterco bovino.
A professora Maria Olimpia de Oliveira Rezende, que coordenou a pesquisa, diz que o sistema ecológico é uma alternativa a um processo em geral complexo e oneroso que e utiliza produtos nocivos ao meio ambiente.
Pelo novo método, o material empregado na vermicompostagem, o esterco bovino, é usado por ter propriedades orgânicas. Além do esterco, existem outras fontes que podem ser utilizadas como bagaço de laranja e de cana-de-açúcar.
Segundo Leandro Antunes Mendes, mestre em química ambiental, a contaminação por cobre e chumbo pode ocorrer em qualquer área de mineração ou despejo de resíduos sem controle no solo. O cromo, liberado pelas indústrias de curtume, após o tratamento do couro, é problema de cidades paulistas como Jaú e Franca, onde existem muitas fábricas de calçados de couro.
Mendes ressalta que, em pequenas quantidades, cobre e chumbo são importantes para as plantas, mas a bioacumulação dos metais pode tornar o solo improdutivo. O cromo impede o crescimento, provoca o amarelamento das plantas e, no caso das mudas ainda novas, a morte.
Segundo a pesquisadora Maria Olimpia, a dosagem do húmus de minhoca pode ainda ser usada para corrigir deficiências de cobre e chumbo nos diferentes tipos de terras, conforme a necessidade de cada cultura.
De acordo com a reportagem da Agência Fapesp, nas pesquisas iniciais foram utilizados 25% de húmus de minhoca para 75% de solo contaminado. Com esse porcentual, os cientistas conseguiram eliminar a contaminação.
Maria Olimpia ressalta que o processo, no entanto, não retira os metais do local. "Os elementos tóxicos continuam no solo, mas ficam imobilizados. Eles não ficam disponíveis para as plantas, nem para serem carregados e levados ao lençol freático", explica a pesquisadora.

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Não só de adubo o homem viverá...

A pesquisadora Kátia Braga, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), aborda em seus trabalhos a importância de se conhecer e avaliar a polinização agrícola por abelhas para garantir um sistema de produção sustentável.

Para se ter uma ideia da importância das abelhas para a agricultura, segundo estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2004) estima que 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo são polinizadas por estes insetos.
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Abelha coletora de óleo em acerola
Foto: Kátia Braga
Conforme a pesquisadora, “no Brasil, há um consenso entre diversos pesquisadores que, apesar dos avanços tecnológicos, a produtividade das culturas agrícolas, incluindo-se aquelas sob sistema orgânico de produção, está aquém de seu potencial devido a um déficit na polinização. Esse déficit pode ser ocasionado por práticas não amigáveis às abelhas, como o uso frequente de agroquímicos e a ausência de vegetação natural nas proximidades da área cultivada”.

Enquanto no mundo estima-se que existam mais de 20.000 espécies de abelhas, o Brasil, devido as suas proporções continentais e riqueza de ecossistemas, abriga cerca de ¼ destas espécies (cerca de 5.000).

“Contudo, explica Kátia, a abelha mais conhecida entre os brasileiros é a abelha de mel ou africanizada (Apis mellifera) que não é uma espécie nativa do nosso país. As nossas abelhas sociais, produtoras de mel, são as abelhas sem ferrão que não conseguem picar por apresentarem um ferrão atrofiado. Apesar da diversidade dessas abelhas no Brasil, são cerca de 300 espécies, a maioria delas é desconhecida da população, em geral, mesmo considerando que muitas delas fazem seus ninhos em muros, paredes e árvores nas áreas urbanas e rurais”.

“Se as abelhas são os principais polinizadores das plantas cultivadas, como estima o estudo da FAO, precisamos conhecer as abelhas sem ferrão assim como as outras espécies de abelhas nativas do Brasil (sociais ou solitárias), aprender a conservá-las nos ambientes naturais e manejá-las para a polinização agrícola. Dessa forma, podemos contribuir para uma maior produtividade dos frutos e sementes que utilizamos em nossa alimentação e dos animais domésticos e, também, de sementes para o plantio e cultivo de diversas espécies”, enfatiza Kátia.

Além disso, a polinização realizada pelas abelhas em ambientes naturais garante a conservação da diversidade de plantas e animais silvestres pois contribui com a reprodução das espécies vegetais que por sua vez sustentam a fauna local.

Como exemplo do papel das abelhas na polinização agrícola, Kátia cita um estudo recente realizado no semiárido brasileiro com a cultura da acerola. Essa cultura, que é polinizada por um grupo de abelhas que coletam óleos florais (gênero Centris), apresentou falha na polinização no período da seca, produzindo uma quantidade muito menor de frutos que aquela obtida pela polinização manual (realizada pelo ser humano) neste período, devido à baixa abundância destas abelhas, fato que não ocorreu no período das chuvas.

“Outro caso bastante conhecido é o da polinização do maracujá, que é inadequada em muitas lavouras devido à escassez de seu principal polinizador, a abelha carpinteira ou mamangava (gênero Xylocopa), nas proximidades da cultura”.

Kátia Braga abordou, como parte do curso oferecido aos professores do Centro Paula Souza, o tema abelhas sem ferrão e manejo agrícola. A escolha por este grupo de abelhas está associada à facilidade de criação e manejo de muitas de suas espécies, ao sabor e qualidade do mel produzido, ao fato delas não ferroarem e aos resultados de várias pesquisas que destacam seu potencial como polinizadores de culturas agrícolas. Além disso, por todas esses aspectos, elas podem ser utilizadas como um interessante recurso didático-pedagógico-experimental em escolas técnicas, de ensino básico e superior. Este foi, justamente, um dos objetivos do desenvolvimento desse tema junto aos professores das escolas técnicas agrícolas vinculadas ao Centro Paula Souza.

O tema “Abelhas sem ferrão e manejo agrícola” também pode ser oferecido em cursos com diferentes níveis de aprofundamento para agricultores, gestores públicos e estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas das ciências biológicas, agrícolas e ambientais.

Fonte: http://www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3?id=974
Cristina Tordin
Jornalista, MTB 28499
Embrapa Meio Ambiente
19.3311.2608

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